Minha criatividade costumava fluir quando meu cenário era o céu, com as nuvens ao redor, o sol de um lado e a lua do outro, enquanto eu pilotava um avião. No entanto, percebi que, nesses momentos, tudo o que eu realmente queria era relaxar e apreciar a vista. Então, comecei a buscar outros cenários onde minha mente poderia se soltar… e foi no banho que a mágica aconteceu.
Era lá que eu costumava pensar em trabalho, no feedback que teria que dar no dia seguinte, no tema da semana que traria para o LinkedIn. Não foi a primeira nem será a última vez que percebi que tinha boas ideias e produtividade no banho, afinal, foi durante esse momento que fiz inúmeras palestras, treinei várias falas e tive diversos insights.
Mas eu não sou o único. Sou?
E por que isso acontece? Não satisfeito com a evidência de que é no banho que sou e me sinto produtivo, fui tentar entender de onde isso vem. O conceito “criatividade no banho” é amplamente discutido no campo da psicologia. Pesquisas apontam que esse simples ato de relaxar estimula a criatividade. Uma teoria chamada Incubation Effect aponta que ao nos afastarmos de uma tarefa focada, como resolver um problema, nossa mente continua trabalhando inconscientemente nisso e que atividades relaxantes, como tomar banho, permitem que o cérebro faça conexões inesperadas e surjam novas ideias.
Já um estudo da Universidade de Drexel, de John Kounios, aponta que o estado de relaxamento aumenta as chances de insights criativos, pois o córtex pré-frontal (responsável pelo pensamento analítico) reduz a atividade, permitindo que o cérebro faça associações mais livres e criativas.
Acho que a base para a criatividade é fazer algo simples com os recursos que temos em mãos, e que, se possível, devemos tornar esse processo divertido. Como líderes, muitas vezes tentamos forçar a criatividade em ambientes altamente estruturados. No entanto, momentos de relaxamento podem ser tão poderosos para a inovação quanto reuniões intensas. Encorajar pausas ou atividades relaxantes pode ser a chave para que sua equipe tenha insights inovadores, assim como acontece comigo no banho.
Eu não pretendo deixar que o meu momento nas nuvens seja voltado para pensar em ideias criativas, então… vai ter que ser no banho mesmo. E porquê não? Isaac Newton, segundo a lenda, descansava debaixo de uma macieira quando viu uma maçã cair, e a partir disso, criou sua teoria da gravitação universal – um dos maiores avanços científicos da história. Quem sabe você ou eu também não descobrimos algo grandioso nesse processo?
E você, já experimentou deixar sua mente vagar em momentos de relaxamento? Pode ser no banho, em uma caminhada ou simplesmente olhando pela janela. Às vezes, as melhores ideias aparecem quando menos esperamos — é só dar espaço para elas surgirem.