Zona de conforto
Estado em que um indivíduo está ou permanece estagnado, em segurança e com estabilidade. Onde o conforto pode restringir seu desenvolvimento e travar o progresso.
A zona de conforto é mesmo confortável?
Imagine ter um negócio lucrativo e bem-sucedido, e decidir que está na hora de mudar o ares. Não diria abandonar tudo, porque é um ciclo que se fecha, mas sim, seguir outro rumo – onde esse atual já não se encaixa mais. Esse foi o caso do Marlos Melek, Juiz Federal do Trabalho e um grande amigo. Em um determinado momento de sua vida, Marlos decidiu vender sua próspera empresa de cosméticos para ir em busca do sonho de se tornar juiz.
Como vocês podem ver, ele conseguiu realizar o feito, mas isso só foi possível porque ele decidiu que sua zona de conforto não era mais confortável. Devido a isso, ele enfrentou inúmeros desafios, lidou com situações incertas, precisou estudar (muito mais do que já vinha fazendo), criou novas habilidades e competências, e claro, buscou crescimento e evolução profissional e pessoal.
Se o Dr. Marlos tivesse permanecido em sua zona de conforto e não perseguindo seu sonho, eu não estaria começando este texto usando sua história como exemplo. Talvez, apenas talvez, nossos caminhos nunca teriam se cruzado, e nós não teríamos viajado pelo país para dar palestras. Ele também não seria reconhecido como “o cara” da reforma trabalhista. Não que antes a sua importância fosse menor, de forma alguma, mas o caminho da magistratura, para ele, foi um divisor de águas.
A zona de conforto é confortável. É boa. Nos leva a um determinado lugar, mas isso não quer dizer que devemos permanecer nela. Certo?
Alguns anos atrás, cursei mecânica no CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica. Dediquei três anos da minha vida nesses estudos até perceber que aquilo não me faria feliz. Apesar de ser uma profissão de sucesso e de futuro, hoje, não me arrependo nem um segundo sequer por ter adquirido conhecimento na área, mas tive que reconhecer que aquele não era o meu caminho. Portanto, abandonei tudo e mudei de carreira. Eu poderia ter me acomodado, afinal, foram três anos me dedicando aos estudos, mas eu não seria feliz ali.
Para Marlos a chave da mudança se dá pela felicidade genuína:
“Não adianta ganhar bem se você não é feliz. Não faz sentido passar em um concurso público, ter estabilidade, mas começar a semana com aquele pensamento: “Que saco, tenho que trabalhar”. Isso não é felicidade. Afinal, passamos mais tempo no trabalho do que em casa, com nossa família. Perseguir um sonho sem um plano B é um ato de coragem extraordinário. É esse tipo de escolha que nos tira da zona de conforto, nos faz enfrentar desafios de frente e nos motiva a buscar a realização com toda a nossa dedicação. O que parece impossível torna-se alcançado quando decidimos nos comprometer de verdade.”
Essa dificuldade em abandonar o conforto e buscar algo novo é muito comum em diversas áreas da vida. E isso não é apenas uma questão de escolhas práticas, mas de como lidamos com o aprendizado e os desafios.
A psicóloga Carol Dweck, é considerada uma das principais investigadoras mundiais nos campos da personalidade, psicologia social e psicologia do desenvolvimento. Sua teoria sobre a mentalidade de crescimento explica que pessoas com mentalidade fixa tendem a evitar desafios, permanecendo na zona de conforto, com medo de falhar ou parecerem incompetentes. Acreditam que suas habilidades e inteligência são fixas e não podem ser alteradas, possuem medo do fracasso e, por isso, desistem diante das dificuldades. Já indivíduos com a mentalidade de crescimento acreditam que suas habilidades podem ser desenvolvidas por meio de esforços e aprendizado, buscam novas oportunidades e desafios, e encaram as dificuldades como chances de aprendizado. Em qual você se encaixa?
Por falar em sair da zona de conforto…
Às vezes quando falamos sobre não se acomodar, principalmente aqui no LinkedIn, tenho a impressão de que é sempre sobre profissão, mas a verdade é que o Marlos Melek me deu muito o que pensar.
Juiz Federal do Trabalho, um homem consagrado em sua área, redator da reforma trabalhista, advogado, jornalista e muitas outras formações, também é piloto de avião, baterista de uma banda, palestrante e voluntário em um hospital da cidade. Ele realmente sai de sua zona de conforto. E deixa um relato para quem busca o mesmo:
“Muitas vezes, sacrificamos o nosso tempo – o tempo com a família, o tempo para fazer o que realmente gostamos. Mas acredito que precisamos aprender a respeitar o ritmo da vida. Se fizermos um exercício de memória, voltando à nossa adolescência, lembrando do nosso melhor amigo ou amiga, percebemos que são momentos que nunca mais voltarão. O tempo é implacável, passa rápido demais. E foi por isso que aprendi a valorizá-lo, pois ele é o nosso bem mais precioso. Quero usar o meu tempo para me dedicar aos meus sonhos, à minha família, e também para, de alguma forma, contribuir para um mundo melhor – não de maneira pretensiosa, achando que posso mudar tudo, mas com a intenção sincera de fazer a diferença. Quando escrevemos textos como esse, as pessoas dedicam seu tempo para ler nossas palavras. Elas podem se inspirar a sair da zona de conforto, buscar prosperidade ou, quem sabe, enxergar novas possibilidades. E isso, por si só, já é um grande impacto.”
No fim das contas, a zona de conforto é um lugar de segurança, mas também pode ser uma armadilha para o nosso potencial. Marlos nos mostra que, para alcançar grandes realizações, é preciso coragem para abandonar o que já conhecemos e desafiar nossos limites. Sair da zona de conforto não significa apenas mudar de carreira ou tomar grandes decisões, como no caso dele, mas também aprender algo novo, enfrentar medos ou simplesmente questionar o que nos faz verdadeiramente felizes.
Sabe o que NÃO é confortável? A incapacidade de evolução, crescimento, planejamento. Isso sim deve incomodar!
O crescimento só acontece quando decidimos nos mover. Que este artigo seja um convite para você refletir e, quem sabe, tomar a decisão de sair dessa zona e explorar o que há além dela. Afinal, como disse o próprio Marlos, “o tempo é implacável”, e usá-lo para algo que nos faz verdadeiramente felizes é o melhor presente que podemos nos dar.
🚀E aí, pronto(a) para sair da sua zona de conforto?🚀