A primeira news do ano chegou! E chegou falando sobre uma ferramenta incrível para os líderes, mas que também causa muita insegurança – o feedback.
Tenho elaborado um grande projeto que consiste em entrevistar diversos líderes do mercado corporativo para entender quais são suas principais dores. Eis que na maioria dessas conversas a dor de “saber dar e receber feedbacks” aparece constantemente. Ou seja, muitas lideranças não sabem dar um feedback assertivo e também não sabem receber um feedback negativo sem levar para o lado pessoal.
E olha só como são as coisas, o feedback é a porta de entrada para manter seu colaborador engajado, em constante crescimento e evolução, além de ser uma ótima forma de reter os talentos na organização. Então, por que essa conversa parece mais com uma ‘corda bamba’?
Ao que tudo indica, muitos líderes ainda não sabem conduzir um feedback e têm medo das consequências. E para mudar esse cenário, é fundamental conhecer seus liderados. Afinal, nenhum feedback é igual, assim como todo colaborador é diferente. O uso das palavras, entonação de voz, linguagem corporal são detalhes que devem ser muito bem utilizados. A ideia é transmitir a segurança necessária para tornar esse momento o mais bem aproveitado possível, para ambas as partes. Não é incomum que os colaboradores vejam o feedback como uma conversa onde serão apontados apenas os seus “erros” e dificuldades. Quando, na verdade, a ideia é o oposto disso. Parto do princípio que qualquer feedback é um bom feedback – seja ele negativo ou positivo. Afinal, se ele é “negativo” (com aspas mesmo), trata-se de uma oportunidade de melhoria, a famosa crítica construtiva. Ou seja, você está mostrando ao seu colaborador onde é que ele pode melhorar. Já quando ele é positivo, o trabalho está sendo reconhecido, o que nem preciso dizer ser algo extremamente bom para quem está ouvindo. E os dados comprovam isso.
Uma pesquisa realizada pela Feedz apontou que 92% das pessoas entrevistadas entendem o que é esperado delas no trabalho após um feedback contínuo com suas lideranças. Das pessoas que responderam não ter conversas frequentes com seus líderes, apenas 68% entendem o que é esperado delas no trabalho. Você consegue mensurar o quanto dar um feedback é importante para o seu liderado? Além de ajudá-los a confiar em seu valor, entender expectativas e assumir responsabilidades, o feedback frequente beneficia a empresa como um todo: líderes que se aproximam de seus liderados fomentam maior o engajamento e alinhamento das equipes. Isso fica ainda mais evidente ao analisarmos a pesquisa State of the Global Workplace 2022, realizada pela Gallup com mais de 100 mil empresas em 96 países. O estudo mostrou que manter equipes altamente engajadas traz benefícios, tanto para os colaboradores quanto para os resultados da organização, como:
- 81% menos absenteísmo;
- 14% mais produtividade;
- 18% menos rotatividade;
- 18% mais vendas.
Nas minhas conversas com lideranças, ficou evidente que o feedback é uma grande dor enfrentada no dia a dia corporativo. E que essa dificuldade em torná-lo uma ferramenta construtiva e produtiva também é sentida nos colaboradores. Por isso, quero compartilhar algumas dicas práticas que implementamos aqui, no nosso dia a dia, e que podem te ajudar a melhorar esse quesito.
A primeira delas é:
Faça a famosa daily:aquelas reuniões curtas e diárias que ajudam (e muito) você a sentir como está a sua equipe. Ao perguntar às demandas do dia, você consegue perceber dificuldades, tarefas atrasadas, além de medir a animação e proximidade entre os colegas de trabalho. Também é uma excelente forma de diminuir a pressão de conversas pontuais e cria um fluxo de comunicação natural e contínuo.
Informe que fará o feedback: ninguém merece ser pego de surpresa, né? Ainda mais quando a reunião é sobre receber o retorno sobre seu desempenho. Minha segunda dica é avisar com antecedência que você e seu liderado terão essa conversa e, se possível, manter o tom amigável para que não pareça ser um momento de conflito. Pegando de gancho essa última parte, lembre-se: um feedback negativo, dado de forma severa, não ajuda ninguém a evoluir. Críticas precisam ser feitas de forma respeitosa, com embasamento e de maneira responsável – quando feitas de maneira errada, podem contribuir para a desmotivação.
Feedback também é pontuar as coisas boas: temos que acabar com a cultura de que feedback é apenas o momento de apontar as coisas ruins. Os líderes precisam aproveitar esse momento para também elogiar e evidenciar os pontos positivos do colaborador. E, se for de apontar melhorias, preparar o terreno para que o liderado receba uma crítica construtiva.
Eles têm dificuldades… assim como você:um líder próximo de sua equipe é um líder que demonstra ser humano. Por isso, a empatia é fundamental para lidar com esse tipo de situação. Você também erra, você também precisou e precisa se esforçar para entregar resultados. A verdadeira prova disso é ter que lidar com o feedback; essa ferramenta que pode ser ótima para melhorar o convívio e a produtividade das equipes, e ainda sim assusta muitas lideranças. Invés de pontuar erros, questione, deixe o canal de comunicação aberto, ofereça ajuda, envolva-os para chegarem juntos a uma saída que seja ideal para todos.
Por fim, lembra que eu disse lá no começo do texto que na minha pesquisa alguns líderes disseram não saber receber feedback negativo? No decorrer do mês, quero trazer um conteúdo aprofundado sobre esse tema.