Foto de Marcelo de Abreu

Marcelo de Abreu

Empresário, escritor e palestrante. Especialista em gestão de pessoas e liderança.

Você perde talentos ou os tranforma em embaixadores da sua marca?

Você sabe em quantas empresas seus pais trabalharam? E seus avós? Agora me diga, por quantas organizações você já passou? 

As gerações anteriores viam na estabilidade um sinal de sucesso, sendo comum que chegassem à aposentadoria tendo passado por três, duas ou mesmo somente uma empresa em toda a sua carreira. A principal perspectiva de crescimento era conseguir promoções dentro da organização, e para a minha geração foi bastante comum crescer vendo os pais saírem todos os dias com o mesmo uniforme, para o mesmo endereço.

Porém, isso tem mudado drasticamente, especialmente entre os millennials e a geração Z. Vivemos em um mundo hiperconectado, com supercomputadores na palma da mão, uma sobrecarga de informações a cada segundo e profissionais que não estão dispostos a se acomodar. Eles buscam desafios, mudanças, evolução e, o mais importante, identificação com a missão do local onde trabalham. Você é um deles?

Bem, a resposta pode até ser “não”, ainda que eu mesmo me identifique com muitas das melhores características dessas figuras, saiba que sendo ou não você, eu e todo líder que pretende continuar a ter sucesso vai precisar contratar, lidar e cativar esses profissionais.

Tanto que uma nova expressão tem sido utilizada nas empresas para defini-los: job hopping! A expressão pode ser traduzida como “salto de emprego” e serve para se referir aos job hoppers ou job jumpers, os “pula empregos”. Esses são profissionais que costumam não ficar mais do que dois anos em uma mesma organização, muitas vezes mudando de emprego com o passar dos meses.

Quando ouvi essa expressão pela primeira vez, admito que meu primeiro instinto foi o de estranhamento. Afinal, como passar meses ou só dois anos em uma organização pode ajudar em uma carreira de sucesso? Como construir algo sólido e a longo prazo dessa forma?

Ao conversar com colegas e me atualizar dos últimos estudos do mercado, comecei a notar que o longo prazo não é uma preocupação fundamental para esses profissionais nômades, em parte porque muitas empresas e líderes falham em oferecer o essencial mesmo a curto e médio prazo.

Por exemplo, segundo a 26° edição do Índice de Confiança da Robert Half (ICRH), 50% dos trabalhadores tinham a intenção de mudar de emprego em 2024. E não estamos falando apenas daqueles que desejam fazer uma transição de carreira, já que 64% desejavam permanecer na mesma área ou função, mas mudar para outra empresa. Entre as principais motivações estão itens como:

  • 63% querem melhores oportunidades para crescer na carreira;

  • 54% buscam melhores remunerações;

  • 43% querem novos desafios;

  • 34% desejam um pacote de benefícios mais atrativo;

  •  27% buscam vagas onde possam trabalhar de forma híbrida ou remota.

Olhando esses dados, e as tendências do mercado de trabalho, torna-se fácil perceber porque os job hoppers têm se tornado cada vez mais comuns. São profissionais que, ao não ter perspectiva de crescimento ou de desafios dentro do local onde trabalham, vão, invariavelmente, buscar em outro local.

Flexibilidade, bem-estar, saúde física e mental e tempo para a vida pessoal também são itens importantes para os profissionais modernos, fazendo com que muitos desejem mudar de emprego caso sintam que esses tópicos não são valorizados nos locais onde trabalham. O job hopping não é algo positivo para as empresas, já que se torna mais um desafio sobre como atrair os melhores talentos, mas também mantê-los na organização e, ainda mais importante, garantir que estejam sempre motivados e engajados com a organização.

Os job hoppers possuem mais dificuldade em desenvolver o senso de pertencimento, acabam não sendo a melhor escolha para desenvolver e liderar projetos a longo prazo e possuem como prioridade seu próprio desenvolvimento profissional. Em contrapartida, também trazem vantagens valiosas como:

Alta produtividade, pois estão focados no seu desenvolvimento e motivados a vencer novos desafios;

São altamente flexíveis e adaptáveis, já que estão sempre mudando de ambiente e aprendendo com as mudanças;

Costumam ter uma excelente capacidade de comunicação, trabalho em equipe e gerenciamento de projetos e times;

Desenvolvem uma ampla rede de contatos, tendo um networking rico tanto para projetos pessoais quanto para a organização;

Valorizam e buscam o aprendizado contínuo, se mantendo atentos às tendências do setor e buscando cargos que os permitam aprender mais sobre elas.

A lista é ainda maior, mas com esses tópicos já é possível entender algo importante: de primeira os job hoppers podem parecer um problema, mas quando são cativados e levados a se tornar embaixadores da marca eles se tornam seus talentos mais valiosos!

Mas, para que isso aconteça, farei para você a mesma pergunta que venho fazendo a mim mesmo nas últimas décadas, motivo pelo qual sou capaz de construir equipes motivadas e unidas: que desafios e oportunidades você oferece para os profissionais que trabalham com você? Aprender algo novo é algo comum para todos da organização? Os benefícios oferecidos acompanham as mudanças no mercado e as conquistas que cada um alcançou para a organização?

NÃO SE ACOMODE! Ao valorizar a mudança e evolução constante é possível aprender a ver o lado positivo do job hopper e usar isso a favor da empresa. Afinal, um bom líder pode mostrar ao melhor profissional que mesmo sem “pular de galho em galho” ele pode alcançar as estrelas no foguete onde está. E se o futuro dele não for na sua organização, que pelo menos ele compartilhe a sua experiência de uma forma positiva.



minicurriculo marcelo de abreu

Gostou do conteúdo? Compartilhe!

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Logo Marcelo de Abreu. Palestrante, escritor e empresário, especialista em Gestão de Pessoas e Liderança.
Todos os direitos reservados ©